quarta-feira, fevereiro 08, 2006

 

O Terceiro Passo



Segundo o «Diário de Notícias» a direcção da Juventude Socialista optou por um “recuo estratégico” na sua intenção de apresentar imediatamente uma proposta de legalização do casamento homossexual.

Confrontada com a resistência de alguns deputados, a J.S. optou antes por apresentar um ante-projecto de lei «aberto à discussão pelo grupo parlamentar e pela sociedade», o qual será entregue no Parlamento já no próximo dia 15 de Fevereiro, exactamente na véspera da anunciada entrega da petição popular sobre o casamento homossexual, agendada para o dia 16 de Fevereiro.


Esta decisão dos socialistas está, do ponto de vista político, claramente subordinada à iniciativa do Bloco de Esquerda que optou já pela entrega na Assembleia da República de um projecto de lei precisamente sobre este mesmo tema do casamento homossexual.

É assim uma espécie de compromisso político entre quem quer efectivamente lutar por uma solução digna para um problema que diz respeito a tantos milhares de portugueses, entre quem se deixa vencer pelos preconceitos homofóbicos e misóginos, entre quem quer aproveitar a oportunidade para fazer uma espécie de “surf político-partidário” sobre esta “onda”, e até entre quem simplesmente tem falta de coragem política para tomar uma decisão.

E é já uma vitória da Teresa e da Lena.
E o terceiro passo nesta sua luta.

Para quem nunca desejou uma solução judicial para esta questão, antes preferindo uma solução política e pela via legislativa, a perplexidade que este assunto já criou na classe política portuguesa – sem dúvida apanhada entre a espada e a parede – é já para a Teresa e para a Lena uma vitória.

É uma vitória sobre o preconceito, sobre a homofobia e sobre a misoginia.
É uma vitória sobre o cinismo político e para a falta de coragem daqueles que se estão a borrifar para um problema que diz respeito a tantas centenas de milhar de portugueses.
É uma vitória sobre aqueles que acusam esses mesmos portugueses de quererem um «capricho» ou que acham que não é altura ainda de os «contemplar» com a magnanimidade da sua decisão, antes preferindo varrer o problema para debaixo do tapete e organizar «um amplo debate».

É uma vitória sobre aqueles que se apresentaram a público munidos da sua reputação técnico-jurídica, mas não hesitaram em dar-nos uma opinião deformada por preconceitos que, sinceramente, não esperava.
E é também uma vitória sobre aqueles que os seguiram acriticamente e de olhos fechados e que, como papalvos, foram atrás dessa reputação.


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